terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O Deus Criador e o Mundo Criado: Feitos para Cultivar e Admirar

Série: Discipulado Cristão
Rev. Gustavo Leite Castello Branco
Se o homem não tivesse pecado ainda assim teria que trabalhar? O trabalho é uma consequência do pecado? O que dizer sobre o descanso e o lazer? Eles são obrigatórios segundo a Palavra de Deus ou um prêmio para quem cumpre com as suas obrigações?A construção de cidades, a invenção de remédios, o desenvolvimento de tecnologias modernas, das ciências e das filosofias podem ser entendidas como vontade de Deus ou devem ser encaradas como resultado da ação pecaminosa humana? Cristãos podem ser progressistas ou devem ser conservadores?

Essas são perguntas que todos os cristãos devem saber respondê-las e por isso vamos tratar delas nesse estudo. A forma como vamos encarar o mundo ao nosso redor e a vida em geral dependerão das nossas respostas a essas mesmas perguntas. Elas tratam da vontade de Deus para as nossas vidas, ou seja, elas nos ajudam a entender o sentido da nossa existência. Por que e para que vivemos? É disso que vamos falar hoje. E vamos começar dizendo que Deus nos fez para “REINAR COMO MORDOMOS

  1. O Reinado do Homem: Feitos para a Mordomia (Gn.2:4-5)

Quais as duas razões pelas quais não haviam nascido ainda as plantas? Podemos dizer que Deus precisava do homem para que as plantas nascecem e crescecem?

A Bíblia deixa claro que um dos propósitos de Deus em nos criar foi nos fazer seus mordomos, quer dizer, nos criou para que cuidássemos de sua criação, sendo participantes com Ele nessa tarefa. Deus, desde o início, nos chama para trabalharmos junto com Ele no mundo que Ele mesmo criou. Disso podemos tirar, pelo menos duas conclusões maravilhosas:

1º - O trabalho é algo santo, bom, proveitoso e que nos deveria dar prazer, ao invés de ser algo que temos que fazer na marra se quisermos sobreviver.
2º - Desde o início Deus decidiu delegar responsabilidades ao invés de fazer as coisas, sozinho. E isso não foi porque Ele precisava, mas porque Ele simplesmente quis dividir, compartilhar; quis que fôssemos participantes na obra de embelezar. Ele deu um sentido para as nossas vidas! (Gn. 2:15)

2. O Reinado do Homem: Feitos para Reinar

Acontece que o livro de Gênesis não nos apresenta só como mordomos, mas também como reis. Vejamos as ordens do Senhor para nós quando nos criou (Gn. 1:26, 28). “Fertilidade”, “multiplicação”, “subjugação”, “domínio sobre tudo”, “encher a terra”.
Olhando para essas expressões fica claro que o Senhor nos fez para governar toda a terra e para criar em cima daquilo que já tinha sido criado por Ele. Deus criou todas as coisas do nada (“ex nihilo”). Nós somos chamados a recriar, usando aquilo que já nos foi dado. É como dizemos: “Tudo vem de ti, Senhor e do que é teu te damos”.
As ordens multipliquem-se e encham a terra deixam claro que o Senhor nos fez para nos reproduzirmos, constituirmos uma família, formarmos comunidades, forjarmos sociedades. Mais do que isso, essas ordens deixam claro que o Senhor não gosta de imobilismo e de preguiça, nem de apego exagerado às pessoas e às coisas. Desde o início Ele nos chamou para nos espalharmos sobre a terra ao invés de ficarmos concentrados, acumulando riquezas, “inchando até explodir”... Isso é pecado! Deus gosta é da criatividade, da ousadia e do movimento.
As ordens de subjugação e de domínio deixam claro que Deus nos chamou para reinar ao seu lado sobre toda a natureza criada. Aqui vemos que as descobertas científicas, as evoluções tecnológicas, a modificação da natureza pelo homem não é necessariamente algo mau. O Senhor mesmo nos disse para dominar e subjugar e nos deu inteligência e vontade para tanto. O pecado é querermos fazer tudo isso independente dEle e de sua vontade revelada ou, o que é pior, fazermos “contra Ele”.
A ordem de fertilidade nos dá a idéia de que Deus nos criou para a prosperidade e para a abundância, mas sempre para a glória de seu nome. Essa ordem não tem haver só com a reprodução humana, mas com todas as áreas das nossas vidas. Devemos ser frutíferos (férteis) nos nossos estudos, nos nossos trabalhos, nas nossas brincadeiras, no nosso evangelismo, no nosso serviço aos outros... Deus não queria somente que cuidássemos de sua criação, mas também que a tornássemos ainda mais bela. Enfim, o Senhor nos criou não para fazermos ou sermos só o necessário, mas para “sermos em abundância” e “fazermos em abundância”. Se existe miséria, egoísmo, falta e mesquinharia no mundo, certamente a culpa não é de Deus...

Leia Mt.25:14-30 e responda: Por que, nessa parábola, Jesus condenou o servo que devolveu exatamente o que o Senhor tinha lhe dado? Por que esse servo foi chamado de inútil e considerado mau e negligente?

Até agora ficou claro que o Senhor nos fez para sermos “Reis-Mordomos” ou “Mordomos-Reis”, isto é, para que administrássemos tudo que Ele criou para a glorificação do seu santo nome. Fazendo isso segundo o plano de Deus, seríamos plenamente felizes. Entretanto, existe algo faltando para completarmos o nosso entendimento do plano de Deus para as nossas vidas. Esse algo encontra-se no famoso 7º dia (ou dia do descanso). Sem esse “grand finale” a criação estaria incompleta e nossas vidas não fariam sentido nenhum.

3. O Reinado do Homem: Mordomos feitos para Admirar (Gn.2:1-3)

É interessante percebermos que o 7º dia foi o último da criação, mas o primeiro na vida de Adão e Eva, ou seja, suas vidas começaram presenciando a admiração de Deus por sua criação. Que impacto isso deve ter tido na vida deles?
Scott Hahn, comentando sobre o “descanso” de Deus no 7º dia, escreveu: “O sétimo dia não significa a exaustão de Deus, mas a sua extrema beleza em convidar seus filhos para viverem dedicados ao propósito para o qual Ele nos criou: descansar na bênção e santidade de nosso Pai agora e por toda a eternidade”.
O Shabath significa que por mais importantes que sejam todas as tarefas que o Senhor nos deu para desempenhar nessa vida, o sentido último de nossa existência não está em nenhuma das tarefas por si mesmas. O sentido último de nossas vidas está em viver com Deus e para Deus. O sentido último das nossas vidas é adoração. Em outras palavras, todo o nosso trabalho, estudo e diversão devem ser feitos como resposta de gratidão e louvor ao Senhor que nos criou. “Trabalho e adoração, portanto, foram criados para andar de mãos dadas” (Hahn 48).
A importância do 7º dia é tão grande que o Senhor incluiu na Lei que deu para o seu povo um dia para que nos lembrássemos dele (Ex. 20:8-11). Como diz ainda Scott Hahn: “O Shabath, portanto, serve para nos lembrar que a nossa realização requer algo mais do que possamos obter por nosso próprio trabalho natural ou na nossa vida terrena. Eis aí por que Israel tinha que guardar o Shabath. Para que pela renovação de sua aliança com seu Pai eles continuamente redescobrissem o quanto eles podiam confiar nEle para que providenciasse tudo que precisavam. Inclusive a força que era necessária para cumprir a sua Lei”.


4. Conclusão.

Através do 7º dia aprendemos que fomos feitos REIS-MORDOMOS criados para ADMIRAR a Deus e suas obras por toda a nossa vida! Durante essa semana pense no sentido da sua vida e pergunte ao Senhor em oração como Ele quer que você o sirva. Mesmo quando achamos que já sabemos, Ele tem sempre coisas novas para nos mostrar e novas missões para nos confiar. Amém.

O Deus Criador e o Mundo Criado: Feitos à Sua Imagem e Semelhança

Série: O Discipulado Cristão
Rev. Gustavo L. Castello Branco

1 – Introdução.

Como certa vez escreveu o filósofo Aristóteles, “O que é último em execussão, é primeiro em intenção”. O homem e a mulher foram criados por último como coroação da obra que Deus fez. Isso significa que Deus criou o mundo para nós mesmos e que, desde o início da criação, o Senhor tinha a intenção de nos criar à sua “imagem e semelhança” para na terra habitar e, assim fazendo, vivermos felizes para a glória do seu nome.

II – Feitos a Imagem e Semelhança de Deus.

Mas... o que significa mesmo dizer que somos a imagem e semelhança de Deus? Em poucas palavras, significa que somos capazes de pensar racionalmente, que temos vontade própria para além dos nossos instintos e que temos uma peculiar capacidade de amar. Como afirma Scott Hahn, “Como seres humanos, nos encontramos em algum lugar entre os anjos e os animais, com corpos físicos e almas”. Porque temos um corpo somos capazes de nos relacionar diretamente com o mundo material que o Senhor criou, isto é, comer, dormir, sentir sensações como frio e calor, sentir prazer e dor. Porque temos uma alma somos capazes de amar, compreender o sentido do mundo ao nosso redor, nos entristecer, nos alegrar e nos relacionar significativamente.

Frequentemente as pessoas nos dão valor por nossa inteligência, por nosso dinheiro, por nossa posição social (status) ou outra qualidade. Muitas vezes nós mesmos nos avaliamos de acordo com esses critérios. De acordo com a revelação de que fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança, esses julgamentos estão certos ou errados? Por que? De que depende o nosso valor?

III – Feitos Homem e Mulher (Gn. 1:27)

Quando Deus criou a raça humana, Ele, em sua infinita sabedoria, a fez em dois sexos, sem pedir opinião de ninguém. Da mesma forma que os seres humanos não decidiram como o mundo deveria ser, mas já o receberam pronto, belo e completo, assim também o Senhor determinou o sexo de cada um de nós. Portanto, isso não é uma questão de escolha, mas de recebimento. O fato de sermos homens ou mulheres é um presente gratuito e amoroso de Deus que devemos honrar e celebrar com alegria.
Mas por que o Senhor fez assim? É claro que é impossível entendermos completamente os mistérios das decisões de nosso Deus, mas parte da resposta tem haver com a sua própria natureza. Desde a eternidade o Senhor existe “em família”, como um Deus Trino, ou seja, um só Deus que existe em três pessoas em eterna relação de amor mútuo. Interessante que o versículo 26 do capítulo 1 de Gênesis é o único em que o verbo “fazer” aparece no plural, dando uma idéia de que houve um planejamento entre uma pluralidade de pessoas antecedendo o ato de criação, ou seja, uma conversa, uma combinação. Em outras palavras, Deus sempre existiu e sempre existirá em uma constante relação de amor. Por isso, ao fazer o ser humano à sua “imagem e semelhança”, Ele planejou que o mesmo estivesse também em constante relacionamento de amor. Por isso mesmo fez “homem” e “mulher”, como a base da sociedade.
Além do fato de que homem e mulher juntos refletem o próprio ser de Deus, outras verdades valiosas podem ser apreendidas com a forma que o Senhor criou Adão e Eva e com o que Ele ordenou para eles.

Leiamos Gn. 2:18-24

Gênesis 2:18 é o único versículo do relato da criação onde vemos que Deus achou algo que “não era bom” em sua criação. Por que Deus decidiu criar a mulher?
O que aconteceu antes do Senhor fazer com que o homem dormisse? O que aprendemos com a atitude de Adão?
Como Adão reagiu quando viu a mulher?

Outra coisa que aprendemos é que Deus criou princípios para o bom relacionamento de um casal e para o crescimento sadio da sociedade. Esses princípios são:

Deixar a casa dos pais (fisicamente, emocionalmente, financeiramente);
Formação de uma nova união entre um homem e uma mulher (envolve compartilhar de propósitos, amor, cumplicidade, companheirismo);
Relação Sexual – Longe de ser o “pecado original” a relação sexual foi criada e abençoada por Deus (Gn.1:28). Ela foi criada não só como meio de procriação, mas também como meio de recreação, expressão de amor e ato de profunda comunicação entre um homem e uma mulher. É definitivamente algo santo! Entretanto, nossa sexualidade deve ser cultivada dentro de uma relação de compromisso, amor e respeito mútuos.


IV – Considerações Finais.

Hoje estudamos a nossa natureza. Fomos feitos a imagem e semelhança do nosso Criador, portanto, com uma dignidade que não depende de nada além do próprio Criador. Vimos também que faz parte da nossa natureza e da vontade de Deus para nós que nos relacionemos uns com os outros; o Senhor criou dois sexos diferentes que juntos e vivendo em interação, refletem a natureza de Deus que é Trindade. No nosso próximo encontro concluiremos nosso estudo da criação de Deus, vendo a missão que o Senhor nos deu como raça humana que vive em seu Reino criado.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Deus Criador e o Mundo Criado: A Santa Rotina


Série: O Discipulado Cristão
Rev. Gustavo L. Castello Branco.

LEITURA: Gênesis 1

1. Introdução.

De onde viemos? Por que estamos aqui? Qual o sentido de nossas vidas? Por que o mundo é do jeito que é? Quem é Deus? Essas são perguntas que o livro de Gênesis (o primeiro da Bíblia) nos ajuda a responder. Vamos então hoje dar uma olhadinha na estória da criação do mundo e ver o que Deus nos diz sobre Ele mesmo e seus propósitos para as nossas vidas.

2. Desde o começo Deus é Deus.

Como começa a Bíblia? Qual é a primeira afirmação que encontramos na Palavra de Deus?

É surpreendente que a Bíblia não comece tentando provar a existência de Deus, mas assume esse fato como uma verdade inquestionável. Ao invés de dizer, por exemplo: “No princípio Deus já existia porque Ele sempre existiu desde a eternidade...”, as Escrituras simplesmente dizem: “No princípio criou, Deus...”. Isso nos mostra que na Bíblia Deus é Deus independente de nós. Sua existência não pode e não é para ser provada cientificamente, como querem alguns, até porque todas as ciências humanas foram por Ele criadas e, como tais, elas é que devem ser validadas ou não por Ele. Ao contrário, a existência de Deus é para ser descoberta na medida em que o experimentamos em nossas vidas e conhecemos a sua Palavra revelada. Através do relato da criação do mundo começamos a vislumbrar o caráter de um Deus justo e cheio de amor que nos criou para a interagirmos com o mundo, nos relacionarmos uns com os outros e sermos felizes.

3. Significado das Repetições em Gênesis 1.

Devemos sempre prestar atenção especial às idéias ou frases repetidas várias vezes nas Escrituras porque elas normalmente nos revelam verdades profundas sobre Deus e seu plano para o mundo. Tentemos identificar algumas dessas repetições no primeiro capítulo de Gênesis.

4. Uma Santa Rotina!

A linguagem poética de Gênesis 1 deixa claro que o nosso Deus é um verdadeiro músico e dançarino. Ele ama o rítmo, a ordem (ou organização) e a beleza.

Como era a terra quando Deus a criou? (v.2)

Como Deus deixou a terra depois dos sete dias?

Muito interessante ver que nos 7 dias de criação Deus resolveu os dois “problemas” da terra, isto é, ser “sem forma” e ser “vazia”. O Senhor deu forma e encheu nosso planeta de uma maneira maravilhosamente organizada! Fez, assim como os pais fazem quando estão esperando um bebê, ou seja, “preparou a casa” para a nossa chegada.Toda essa organização, enfatizada no texto pela repetição das expressões: “Disse Deus” e “passaram-se tarde e manhã; esse foi o ‘X’ dia” nos ensinam que o Senhor é Deus de ordem que valoriza a rotina, o rítmo de vida, a beleza e harmonia. Isso também nos ensina que Deus ama trazer ordem onde há confusão; preenchimento onde há vazio; movimento onde há inércia; vida onde há morte. Ainda hoje Ele faz isso nas nossas vidas, dando um sentido para a nossa existência.

Como vai a sua rotina de vida? Você tem gostado dela?

As pessoas tendem a viver entre dois extremos. Umas adotam um estilo de vida totalmente sem ordem, sem sentido, sem organização, ou seja, fogem de uma rotina “como o diabo foge da cruz”. Normalmente essas pessoas, fogem de uma relação de casal, usando expressões como, “Eu é que não vou me encoleirar!” O outro grupo de pessoas é aquele que vive uma rotina estressante, repetitiva, monótona, sem vida, sem espaço para as boas surpresas da vida e sem contemplação das boas dádivas dadas por Deus.Ambos os grupos estão vivendo uma vida desagradável ao Senhor, pois Deus criou um equilíbrio entre repetição e variedade para que vivêssemos nele e tivéssemos uma vida saudável e plena de felicidade. É a “santa rotina” onde a necessidade de ordem e a necessidade da novidade na vida do ser humano são preenchidas. Se buscarmos esse equilíbrio estaremos agradando o nosso Deus e seremos pessoas muito mais felizes.

Que tipo de pessoa você tem sido?O que você precisa fazer para assumir a “santa rotina” em sua vida?

5. Conclusão: “Eita Mundão Bão, arretado!”

Outra expressão muito repetida nesse capítulo de Gênesis é “E viu Deus que era bom”. Além disso, o texto afirma que depois de ter criado todas as coisas Deus viu que “tudo quanto fizera... era muito bom”. Ora, se Deus gostou da ordem da criação e ele é Deus bom, amoroso e justo, quem somos nós para não gostar?

Pense nisso: A rotina do mundo é a poesia de Deus para o benefício dos seres humanos.

Agora, leia-mos e meditemos no Salmo 19.

domingo, 12 de outubro de 2008

O Discipulado Cristão e a Metodologia de Jesus

© Copyright 2008. Rev. Gustavo L. Castello Branco. Série: O Discipulado Cristão. Concatedral Anglicana da Ressurreição, João Pessoa – PB – Diocese do Recife
Ao enviar os discípulos para fazer outros discípulos “de todas as nações”, Jesus já tinha dado o modelo do que está envolvido necessariamente em um processo de discipulado, isto é, da abordagem a ser utilizada, bem como dos objetivos a serem atingidos. Os apóstolos e primeiros cristãos captaram bem isso durante os 3 anos que conviveram com o Filho encarnado, e nós, hoje em dia, precisamos também entender essa metodologia se quisermos ser fiéis ao mandado de Deus em Cristo, seu Filho amado. É importante que aprendamos desde o começo que o discipulado cristão visa a transformação de mentes e envolve necessariamente três questões: 1 - Um processo de ensino-aprendizagem; 2 – O desenvolvimento de relacionamentos significativos; 3 – Uma prática missionária. Analisemos, então, cada um desses pontos.

1. O Ensino–Aprendizagem no Discipulado Cristão (Mt. 11:1; Mc.4:1; 6:2)

Jesus Cristo, antes de “entregar a sua vida em resgate de muitos”, esteve anunciando, por alguns anos, a chegada do reino de Deus e as verdades sobre a vida neste reino. Mateus, por exemplo, testifica que logo depois dos 40 dias de tentação no deserto “passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt. 4:17). Essa era a mensagem central de Jesus, ou seja, que uma nova era estava iniciando-se a partir dEle. Acontece que ao anunciar a chegada do reino de Deus, Jesus também falava dos valores desse reino e de como os seus súditos deveriam se comportar. Por isso em várias oportunidades Ele ensinava seus discípulos através de parábolas ou diretamente (Mt. 11:1, Mc. 4:1, Mc. 6:2).
Fato é que com o surgimento do pecado e a nossa conseqüente quebra de comunhão com o Senhor, nossa capacidade de conhecer sua vontade e obedecê-la ficou completamente prejudicada. Nós não só herdamos a natureza pecadora (tendência natural e inerente para o pecado). Nossos ancestrais também criaram culturas, visões de mundo e ideologias que não glorificam a Deus e não correspondem ao seu plano para as nossas vidas. Como nós inevitavelmente nascemos e somos criados dentro de uma dessas culturas e segundo uma dessas visões de mundo, aprendemos a reproduzir o estilo de vida do “status quo”. Em outras palavras, vivemos como todo o resto do mundo, assumindo e reproduzindo os mesmos valores e prioridades. É por isso mesmo que nossas mentes e corações precisam ser “reprogramados”; é por isso que precisamos aprender novos padrões de comportamento e critérios de decisão e viver segundo estes; estamos sendo preparados para a vida no reino que vem dos céus e está sendo implantado aqui na terra, entre nós. Nesse reino não há lugar para imperfeições ou maldades, por isso Jesus nos chama para sermos seus discípulos. Certa vez o Senhor convidou: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt.11:29). Isso é para mim e para você!
Quais são alguns dos valores e prioridades que fazem parte de nossa cultura, moldando a nossa visão de mundo, mas que não estão de acordo com a vontade do Senhor para as nossas vidas?


2. A Dimensão Relacional do Discipulado Cristão

Em seus três anos de efetivo ministério terreno Jesus formou uma pequena comunidade. Interessante é que Ele não escreveu nenhum livro como outros líderes religiosos o fizeram. Isso porque Ele mesmo era o livro vivo! Ele era a revelação plena da vontade de Deus literalmente em carne e osso, e os seus discípulos, especialmente os apóstolos, na medida em que vivessem em comunhão com Ele e uns com os outros seriam o testemunho vivo da vontade de Deus para o mundo. O que é o Novo Testamento, senão, uma coletânea das experiências vivenciadas pelos discípulos de Jesus no primeiro século? Jesus não deixou um livro porque preferiu deixar uma comunidade. E Ele mesmo disse que “as portas do inferno” não prevaleceriam contra a sua Igreja (Mt.16:18). Nisso vemos a importância de ser Igreja para podermos ser cristãos. Não existe cristianismo “Eu e Deus LTDA”. Se, por um lado, a salvação é questão pessoal e “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm. 14:12), por outro, o projeto de Deus é coletivo e somos “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1 Peter 2:9).
O discipulado cristão não é composto simplesmente de reuniões sociais, mas envolve necessariamente o estabelecimento e desenvolvimento de relações significativas uns com os outros e nossa com Deus. A Igreja não é um clube, mas é uma comunidade de irmãos que se conhecem, ama-se e trabalham pelo reino que veio, está vindo e virá. O aprendizado não é simplesmente teórico, mas vivencial. O apóstolo Paulo disse aos seus discípulos: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” (1 Co.11:1). Precisamos não só “conhecer sobre Deus”, mas principalmente “conhecer a Deus” em um nível pessoal e íntimo, isto é, precisamos deixá-lo participar de nossas vidas. Assim também, precisamos não só conhecer superficialmente uns aos outros, mas sim crescermos em intimidade, amor e serviço mútuos. Afinal, como o apóstolo João escreveu: “aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo. 4:20).
Você tem vivenciado a dimensão relacional do discipulado cristão? Em caso afirmativo, como? Em caso negativo, por quê?

3. O Discipulado Cristão e a Missão de Deus (1Pe. 2:9; At.1:6-9; 19:13-17; Mt. 17:14-18; 10:5-8; Jo. 15:2; 15:5)

Vários missiólogos têm reafirmado a famosa frase: “Não é que Deus tenha uma missão para a sua Igreja, mas sim que Ele tem uma Igreja para a sua missão”. O SENHOR é um Deus essencialmente missionário! Desde o início da criação Ele tem vindo ao encontro da humanidade para nos trazer de volta para uma comunhão plena com Ele e restabelecer a harmonia no mundo criado. Com a vinda do messias tornou-se claro que essa missão passa necessariamente pelo anúncio da obra salvadora realizada por Cristo na cruz do Calvário e pela proclamação do Senhorio de Jesus sobre todo o cosmos.
Nós somos convidados pelo próprio Deus para ser agentes dessa missão de reconciliação universal (At.1:6-9). Nosso chamado para ser discípulos é inevitavelmente também um chamado para sermos testemunhas; nosso chamado para ser Igreja é necessariamente também um chamado para participarmos da missão confiada à Igreja. Jesus disse: “Qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc. 8:38). Entretanto, nossa participação na missão da Igreja não deve ser tida como um mero dever, mas sim como um privilégio, pois realmente o é! Como está escrito: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo. 4:19). Nós temos um propósito na vida porque Ele nos deu uma missão a cumprir! (1 Pe. 2:9)
No processo de discipulado cristão existem dois perigos opostos quanto à nossa participação missionária. O primeiro é nos engajarmos de qualquer maneira, isto é, sem um relacionamento pessoal e verdadeiro com o Senhor da missão (At. 19:13-17; Jo.15:5). O segundo é não nos engajarmos nunca (Jo.15:2, Mt.17:14-18). É interessante observarmos que Jesus, mesmo sabendo que os apóstolos ainda não estavam totalmente preparados (já que todos o abandonariam quando fosse preso) e que nem tinham entendido totalmente a natureza de sua missão (já que não sabiam que o messias precisaria morrer pelos pecados da humanidade e ressuscitar para reinar eternamente), enviou-os dois a dois em missão nas cidades próximas para curar, expulsar demônios, ressuscitar mortos e pregar as boas novas do reino (Mt.10:5-8). Assim também nós nunca estaremos totalmente preparados, no entanto, devemos ir, em dependência e submissão.
Você tem alguma idéia de como você pessoalmente pode contribuir com a missão que Deus confiou à Igreja? Em caso positivo, explique de forma sucinta.

4. O Discipulado e a Transformação

Por fim, lembremos mais uma vez que o objetivo último do discipulado cristão é a nossa santificação, isto é, a reconstrução da imagem de Cristo em nós. Como está escrito: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co.3:18). “Transformação” é a palavra-chave aqui. Em essência, ser discípulo de Cristo Jesus é deixar-se cumprir em nós o que a Palavra de Deus nos pede em Rm. 12:1-2, isto é:

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
(Romans 12:1-2)

sábado, 4 de outubro de 2008

Disciplado Cristão: Os Dois Encontros

© Copyright 2008 Rev. Gustavo L. Castello Branco. Série: O Discipulado Cristão
Concatedral Anglicana da Ressurreição, João Pessoa – PB – Diocese do Recife

O Discipulado Cristão: Os Dois Encontros

Depois de exercer seu ministério, ensinando, curando, expulsando demônios e ressuscitando mortos, por mais ou menos 3 anos entre o povo de Israel no início do primeiro século desta era, Jesus, que era o Cristo (isto é, o messias esperado) entregou a sua vida como sacrifício pela salvação do mundo, ressuscitou dos mortos e, antes de subir aos céus e sentar-se à direita de Deus para reinar sobre toda a criação, deu a seguinte ordem aos seus discípulos:

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt.28:18-20)

Nós estamos aqui hoje, como Igreja, para continuar o cumprimento de sua ordem, chamando pessoas de todas as culturas, raças, sexos e classes sociais para arrependerem-se de sua maldade, rendendo-se ao Senhorio de Jesus Cristo e tornarem-se seus discípulos, até que Ele volte em grande glória e poder. Mas o que significa, de fato, ser um discípulo de Cristo? Como podemos nos tornar verdadeiramente seguidores do Senhor Jesus? Quais são os pré-requisitos e as conseqüências do discipulado cristão?
São a essas perguntas que primeiro dedicaremos a nossa atenção. Hoje, aprenderemos através de 2 encontros que Jesus teve com pessoas diferentes e que acabaram ocasionando o início de uma relação de discipulado entre o Senhor (como mestre) e aqueles que se encontraram com Ele (como discípulos).

1º Encontro (Mt. 4:18-22): Jesus e os Ocupados.
A – Quem eram essas pessoas? O que notamos sobre seu estilo de vida no texto lido?
B – Em quem se tornaram depois de seu encontro com Jesus? O que mudou em suas vidas?
2º Encontro (At. 9:1-9): Jesus e o Perseguidor.
A – Quem era essa pessoa? O que notamos sobre seu estilo de vida no texto lido?
B – Em quem se tornou depois de seu encontro com Jesus? O que mudou em sua vida?
Explicação
O 1º encontro se dá entre Jesus e alguns daqueles que mais tarde viriam a compor o colégio apostólico. Pedro, André, Tiago e João eram homens comuns, que tinham uma vida comum e trabalhavam duro para sustentar a si e suas famílias. Eram pessoas que “não tinham tempo a perder com aventuras imaturas e infantis”, pois tinham que ganhar a vida. São a esses super-ocupados e responsáveis pescadores que Jesus faz o convite: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”. Eles, impactados pelo poder contido em tais palavras, de acordo com o texto, deixaram seus afazeres diários e “imediatamente o seguiram” (vs. 20 e 22). Respondendo assim, esses simples pescadores, homens comuns do povo, vieram a ser apóstolos do Senhor, considerados como colunas da Igreja de Cristo (Gl.2:9). Foi através do testemunho e dos escritos deles e dos discípulos que a mensagem da salvação chegou até nós. Jesus convoca os “normais” para serem seus discípulos.
O 2º Encontro foi entre o Senhor e um dos maiores inimigos da Igreja no primeiro século, Saulo de Tarso. Saulo se opunha ferozmente ao cristianismo, perseguindo os cristãos até a morte. Seu encontro inesperado com Jesus mudou radicalmente o rumo de sua vida, transformando-o em um discípulo e apóstolo. De fariseu legalista e respeitoso (Fp. 3:4-6) passou a ser “apóstolo dos gentios” que eram desprezados, excluídos e discriminados pelos outros judeus (Rm. 11:13); mesmo sendo intelectualmente muito bem preparado e respeitado, tendo sido discípulo de Gamaliel, um dos grandes líderes fariseus daquela época, e mesmo tendo alta posição social e respeitabilidade política, já que possuía cidadania romana (At.22:25-29) submeteu-se a ser considerado como louco diante do imperador (At. 26:24-25). Além de tudo isso, passou de perseguidor de Cristo e seus seguidores a perseguido por Cristo e com os seus seguidores (2 Co. 4:8-10). Enfim, como Paulo mesmo confessa em sua Epístola aos Filipenses “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp.3:7-8)

Perguntas de Reflexão:
1 – O que há de comum nos dois encontros?
2 - Com qual dos encontros você mais se identifica? Por que?

Para Meditação Durante a Semana
1 - Lucas 9:57-62
2 - Lucas 14:28-33
Pergunta: Você deseja ser um discípulo de Cristo?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Eventos da SEDAME

A nossa secretaria já promoveu um evento bastante abençoado em uma de nossas comunidades anglicanas, no meio rural.

Aconteceu no dia 21/06, no Ponto Missionário Sto. Estevão, que fica dentro do assentamento Antonio Conselheiro/São Miguel de Taipu-PB.

O evento chamou-se ARRAIÁ DO AMOR MAIOR

Foi uma tarde-noite de bastante alegria, buscando pregar um evangelho inculturado e apresentando Jesus através de músicas, cordel e pregação da palavra.
Quase toda a comunidade compareceu, tanto a local quanto de outras comunidades anglicanas de João Pessoa/PB, e toda a renda das barracas foi revertida para a construção da sala das crianças no prédio da igreja.

Veja algumas imagens:



Deus te abençoe

Valdolirio Junior (DINHO)
Seminarista SAT-PB
Membro da SEDAME

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A Secretaria de Missão e Evangelismo

Quem Somos?
A Secretaria Diocesana Anglicana de Missão e Evangelismo (SEDAME) é órgão da Diocese do Recife competente para planejar e executar estratégias e ações missionárias e evangelísticas no âmbito diocesano, bem como para buscar a integração e o compartilhamento das diversas iniciativas evangelísticas e missionárias desenvolvidas pelas várias paróquias, missões e pontos missionários membros desta diocese.

Nossa Visão
Entendemos que a missão da Igreja é, na verdade, a missão de Deus (“Missio Dei”) na qual Ele mesmo, por sua misericórdia, nos chama a participar. Esta missão consiste em reconciliar a totalidade da criação com o seu Criador por meio do sacrifício vicário de Jesus Cristo no poder do Espírito Santo e encontra-se suficientemente definida nos termos do Pacto de Lausanne de 1974 e nas 5 vias missionárias adotadas pela Comunhão Anglicana.

Nossa Missão
Ser a consciência missionária permanente da Diocese do Recife, contribuindo na construção de uma Igreja que seja fiel à convocação do Deus Trino como revelada especialmente em Gn. 1:28; 9:1, Mt. 28:19-20 e At.1:7-8, e que esteja em permanente expansão na Região Nordeste do Brasil, fazendo o Reino de Deus avançar como resposta de gratidão à grande salvação realizada por Cristo Jesus na cruz do Calvário.

Objetivos
  • Sensibilizar os membros da Diocese do Recife para a natureza essencialmente missionária da Igreja de Jesus Cristo.
  • Despertar e mobilizar vocações para a proclamação do evangelho e expansão da Igreja especialmente no interior do Nordeste e naqueles estados que ainda não contam com a presença da Igreja Anglicana.
  • Treinar novos convertidos para a prática do evangelismo e missionários leigos ou ordenados para a atuação em novos campos.
  • Planejar e executar ações missionárias e evangelísticas que façam avançar o Reino de Deus no Nordeste brasileiro e além.
  • Principais Linhas de Ação
  • Publicação de textos de reflexão em torno da temática de missão e evangelismo.
  • Organização de seminários e conferências diocesanas em torno da temática de missão e evangelismo.
  • Organização da Campanha Diocesana Anual de Vocações Missionárias.
  • Socialização e integração das diversas iniciativas missionárias das comunidades e instituições da Diocese do Recife.